sexta-feira, abril 28

o cante

De origem mal conhecida, o cante alentejano afirmou-se ao longo dos últimos cinquenta anos como uma expressão cultural de excepção. Ele é essencialmente um uníssono de vozes, que vêm a sua homogeneidade apenas desafiada pela voz do Alto, um cantador que prolonga a sua voz, normalmente mais aguda, deixando que esta paire sobre o coro. Teria tido uma origem religiosa, pagã, laboral?... Não se sabe. O que se conhecem são letras extremamente ingénuas, quase numa linguagem natural, do quotidiano, puras, podíamos dizer. As modas são poemas de quase analfabetos, entoadas ao sabor de uma marcha lenta ou de um arrastar de corpos junto ao balcão de uma taberna. O álbum Vozes do Sul, editado em 2001, é um bom exemplo do cante alentejano e de outros horizonte musicais que com ele se cruzaram ou se podem cruzar em termos experimentais, desde o jazz à música oriental (outra das possíveis origens do cante...).

É um trabalho que se deve a um grande divulgador e cantador chamado Janita Salomé, irmão de Vitorino, outro sublime cantador. A partir do Redondo, a família Salomé tem sabido reposicionar esta forma de expressão musical popular em circuitos comerciais e de excelente produção, como é exemplo o álbum referido, contrastando com as edições caseiras ou artesanais a que o cante estava habituado.

1 Comentários:

At 06:01, Blogger Zé Lutas escreveu...

gosto muito, principalmente o grupo de cante de ferreira do alentejo, que conheci em criança.

 

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