domingo, março 12

Martin Denny - o seu a seu dono, ou quando tudo começou

Tornou-se hoje lugar comum falar de lounge music, por vezes mais vagamente denominada de chillout, ou mais rebuscadamente de easy-listening, referindo assim não necessariamente as mesmas coisas, mas um pouco de tudo o que, não sendo propriamente dançável, acaba por ter o seu lugar nos bares ou discotecas um pouco por todo o lado, embora apenas como alternativa e, hoje em dia, apenas de forma fugaz.
Importa saber como tudo começou? Eu acho que sim, e na minha opinião esta é uma daquelas raras histórias em que o seu início acaba por ter mais interesse do que o que se seguiu.
Era uma vez... Martin Denny! O típico miúdo prodígio cujo imenso talento para a música (nomeadamente para o piano) rapidamente o encaminhou para uma vida de entertainer nocturno, de curiosidade itinerante, de bar em bar, de espectáculo para espectáculo, de certa forma uma exploração facilitista (embora legítima) do seu talento, que felizmente tomou outros caminhos.
Em 1954, já com nome feito nos palcos dos hotéis e casinos, Martin Denny muda-se para o Hawai, onde estreia a sua própria banda com outros nomes que, com o tempo, tornaram-se lendários, como o vibrafonista Arthur Lyman, entre outros. É num desses concertos, na lounge room do Shell Bar, que M. Denny se apercebe que os sons provenientes do coaxar dos sapos se misturava perfeitamente com a música do seu jazz combo de inspirações tropicais. Não tardou até que os próprios músicos se pusessem a imitar pássaros exóticos, e a incluir instrumentos típicos das ilhas no seu alinhamento. Nesse momento nasceu a Exotica, o género musical que practicamente sozinho se tornou responsável pela febre dos anos 50 por tudo o que era tropical ou com origem nas ilhas do pacífico, desde as camisas com flores (chamadas hawaianas) até mais tarde à descoberta da música brasileira (nomeadamente do bossa nova) pelo jazz norte-americano. Se pensarmos que, no auge do rock & roll e da carreira de Elvis, vários temas de Exotica chegaram à posição nº1 dos singles mais vendidos, apercebemo-nos do impacto que este género teve. A popularização deste género também deve muito à Muzak, uma editora/empresa que se dedicava à venda e promoção de música específica para tocar em salas de espera, bares ou elevadores (pois, a música de elevador), e que mais tarde deu o seu nome a este género, a música Muzak (evoluindo depois para lounge music). Nesta altura já tanto a Muzak como a Exotica eram considerados como sub-géneros do Easy Listening, que incorporava também o jazz samba, space-age pop, a mood music, muita da música de cinema, entre outros.
É hoje notório que a Exotica caiu como uma luva em plenos anos 50, quando o interesse pela cultura tiki e a evolução do mono para o stereo suscitavam um interesse maior por tudo o que trouxesse uma abordagem e linguagem novas, tanto culturalmente como mais especificamente na música. Mal imaginava Martin Denny a imensa bola de neve que provocou quando, pela 1ª vez, cantou como um pássaro num dos seus espectáculos, mais tarde impulsionada por outros grandes nomes como Arthur Lyman (já com a sua própria banda), Les Baxter (até então mais conhecido pelas suas bandas-sonoras) ou o próprio Esquivel.


Martinique
Taboo
Voodoo Dreams
Hawaiian Wedding Song

2 Comentários:

At 23:07, Blogger LAD escreveu...

Primeiro post do Zé Lutas!
You're the top!

 
At 09:35, Anonymous Anónimo escreveu...

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